quinta-feira, 25 de outubro de 2012

CARTA DO ZÉ COCHILO (da roça) PARA SEU COLEGA LUÍS (da cidade).

A carta a seguir - tão somente adaptada por Barbosa Melo -  foi escrita por Luciano Pizzatto que é Engenheiro Florestal, especialista em direito sócio ambiental e empresário, diretor de Parque Nacionais e Reservas do IBDF-IBAMA 88-89, detentor do primeiro Prêmio Nacional de Ecologia.

O texto alerta para os males da burocracia e falta de foco no trato da preservação ambiental.


Prezado Luís, quanto tempo.

Eu sou o Zé, teu colega de ginásio noturno, que chegava atrasado, porque o transporte escolar do sítio sempre atrasava, lembra né? O Zé do sapato sujo? Tinha professor e colega que nunca entenderam que eu tinha de andar a pé mais de meia légua para pegar o caminhão e que por isso o sapato sujava.

Se não lembrou ainda, eu te ajudo. Lembra do Zé Cochilo... hehehe, era eu. Quando eu descia do caminhão de volta pra casa, já era onze e meia da noite, e com a caminhada até em casa, quando eu ia dormi já era mais de meia-noite. De madrugada o pai precisava de ajuda pra tirar leite das vacas. Por isso eu só vivia com sono. Do Zé Cochilo você lembra, né Luís?

Pois é. Estou pensando em mudar para viver aí na cidade que nem vocês. Não que seja ruim o sítio, aqui é bom. Muito mato, passarinho, ar puro... Só que acho que estou estragando muito a tua vida e a de teus amigos aí da cidade. vendo todo mundo falar que nós da agricultura familiar estamos destruindo o meio ambiente.

Veja só. O sítio de pai, que agora é meu (não te contei, ele morreu e tive que parar de estudar) fica só a uma hora de distância da cidade. Todos os matutos daqui já têm luz em casa, mas eu continuo sem ter porque não se pode fincar os postes por dentro de uma tal de APPA que criaram aqui na vizinhança.

Minha água é de um poço que meu avô cavou há muitos anos, uma maravilha, mas um homem do governo veio aqui e falou que tenho que fazer uma outorga da água e pagar uma taxa de uso, porque a água vai se acabar. Se ele falou, deve ser verdade, né Luís?

Pra ajudar com as vacas de leite (o pai se foi, né ), contratei Juca, filho de um vizinho muito pobre aqui do lado. Carteira assinada, salário mínimo, tudo direitinho como o contador mandou.

Ele morava aqui com nós num quarto dos fundos de casa. Comia com a gente, que nem da família. Mas vieram umas pessoas aqui, do sindicato e da Delegacia do Trabalho, elas falaram que se o Juca fosse tirar leite das vacas às 5 horas tinha que receber hora extra noturna, e que não podia trabalhar nem sábado nem domingo, mas as vacas daqui não sabem os dias da semana, aí não param de fazer leite. Ô, os bichos aí da cidade sabem se guiar pelo calendário?

Essas pessoas ainda foram ver o quarto de Juca e disseram que o beliche tava 2 cm menor do que devia. Nossa! Eu não sei como encompridar uma cama, só comprando outra, né Luís? O candeeiro eles disseram que não podia acender no quarto, que tem que ser luz elétrica, que eu tenho que ter um gerador pra ter luz boa no quarto do Juca.

Disseram ainda que a comida que a gente fazia e comia juntos tinha que fazer parte do salário dele. Bom Luís, tive que pedir ao Juca pra voltar pra casa, desempregado, mas muito bem protegido pelos sindicatos, pelos fiscais e pelas leis. Mas eu acho que não deu muito certo. Semana passada me disseram que ele foi preso na cidade porque botou um chocolate no bolso no supermercado. Levaram ele pra delegacia, bateram nele e não apareceu nem sindicato nem fiscal do trabalho para acudi-lo.

Depois que o Juca saiu, eu e Marina (lembra dela, né? Casei) tiramos o leite às 5 e meia, aí eu    levo o leite de carroça até a beira da estrada, onde o carro da cooperativa pega todo dia, isso se não chover. Se chover, perco o leite e dou aos porcos, ou melhor, eu dava, hoje eu jogo fora.

Os porcos eu não tenho mais, pois veio outro homem e disse que a distância do chiqueiro para o riacho não podia ser só 20 metros. Disse que eu tinha que derrubar tudo e só fazer chiqueiro depois dos 30 metros de distância do rio, e ainda tinha que fazer umas coisas pra proteger o rio, um tal de digestor. Achei que ele tava certo e disse que ia fazer, mas só que eu sozinho ia demorar uns trinta dia pra fazer, mesmo assim ele ainda me multou, e pra poder pagar eu tive que vender os porcos, as madeiras e as telhas do chiqueiro, fiquei só com as vacas. O promotor disse que desta vez, por esse crime, ele não vai mandar me prender, mas me obrigou a dar 6 cestas básicas pro orfanato da cidade. Ô Luís, aí quando vocês sujam o rio também pagam multa grande, né?

Agora pela água do meu poço eu até posso pagar, mas preocupado com a água do rio. Aqui agora o rio todo deve ser como o rio da capital, todo protegido, com mata ciliar dos dois lados. As vacas agora não podem chegar no rio pra não sujar, nem fazer erosão. Tudo vai ficar limpinho como os rios aí da cidade.

Mas não é o povo da cidade que suja o rio, né Luís? Quem será? Aqui no mato agora quem sujar tem multa grande, e dá até prisão. Cortar árvore então, Nossa Senhora! Tinha uma árvore grande ao lado de casa que murchou e tava morrendo, então resolvi derrubá-la para aproveitar a madeira antes dela cair por cima da casa.

Fui no escritório daqui pedir autorização, como não tinha ninguém, fui no Ibama da capital, preenchi uns papéis e voltei para esperar o fiscal vir fazer um laudo, para ver se depois podia autorizar. Passaram 8 meses e ninguém apareceu pra fazer o tal laudo, aí eu vi que o pau ia cair em cima da casa e derrubei. Pronto! No outro dia chegou o fiscal e me multou. Já recebi uma intimação do Promotor porque virei criminoso reincidente. Primeiro foram os porcos, e agora foi o pau. Acho que desta vez vou ficar preso.

preocupado, Luís, pois no rádio deu que a nova lei vai dá multa de 500 a 20 mil reais por hectare e por dia. Calculei que se eu for multado eu perco o sítio numa semana. Então é melhor vender e ir morar onde todo mundo cuida da ecologia. Vou para a cidade, aí tem luz, carro, comida, rio limpo. Olha, não quero fazer nada errado, só falei dessas coisas porque tenho certeza que a lei é pra todos.

Eu vou morar aí com vocês, Luís. Mas fique tranquilo, vou usar o dinheiro da venda do sítio primeiro pra comprar essa tal de geladeira. Aqui no sitio eu tenho que pegar tudo na roça. Primeiro a gente planta, cultiva, limpa e só depois colhe pra levar pra casa. Aí é bom que vocês é só abrir a geladeira que tem tudo. Nem dá trabalho, nem plantar, nem cuidar de galinha, nem porco, nem vaca, é só abrir a geladeira que a comida tá lá, prontinha, fresquinha, sem precisá de nós, os criminosos aqui da roça.

Até mais Luís.

Ah, desculpe, Luís, não pude mandar a carta com papel reciclado, pois não existe por aqui, mas me aguarde até eu vender o sítio.

domingo, 15 de julho de 2012

O Paradoxo da Escolha

Ainda ontem, saindo do serviço para almoçar, vi um casal de moradores de rua, na calçada de uma casa; ela sentada em um colchão, e ele deitado no colo dela, enquanto ela lhe dava comida na boca. Incrivelmente, os dois pareciam muito felizes.
Isso me fez refletir que a felicidade é, na verdade, um estado que depende de nossas expectativas diante da vida e das pessoas. Felicidade não é um padrão estabelecido pela ISO, ou pela ABNT, mas por cada um de nós.
Este vídeo mostra exatamente um pouco disso. Vale a pena assistir e refletir! 




segunda-feira, 2 de abril de 2012

Viação Motta... pior viagem que já fiz até hoje!

Demorei um pouco para postar isso aqui, mas ainda é tempo.
Dias atrás precisei ir a Belo Horizonte, e optei por ir de busão, claro. Escolhi a Viação Motta, e foi a pior viagem que já fiz até hoje. Trata-se da linha Campo Grande / Belo Horizonte. Pensem num ônibus largado, sujo, mulambento. Não se trata de sujeira de passageiros, que por sinal também tinha; sujo de encardido mesmo... percebiasse que aquilo não via uma limpeza há muito tempo. Bancos com estofado estragado.... fui daqui lá com as costas no arame do banco. Às 05:00 da manhã não se aguentava o cheiro químico do banheiro.
Pra resumir, essa empresa é uma vergonha! Como pode expor seus clientes a tamanho descaso!
Muitas vezes não se tem outra opção. Felizmente quem vai de Assis para BH tem a opção de ir com a Gontijo. Voltamos de BH com essa empresa, e a viagem foi muito agradável. O ônibus não era de última geração não, mas era limpo, confortável. O mínimo que se pode esperar para um ônibus que faz uma viagem tão longa.

Fica a Dica

domingo, 18 de março de 2012

O Dilema do Inovador

Hoje, fazendo os trabalhos da pós, li uma matéria da Harvard Business Review, de julho de 2010, e tomei conhecimento do livro "The Innovator’s Dilemma: The Revolutionary Book that Will Change the Way You Do Business (Collins Business Essentials) de Clayton M. Chistensen", professor de Administração de Negócios da Harvard Business School.

Vou ver se consigo ler o livro, mas pelos resumos que li, e pelo citado artigo, o conteúdo é muito interessante. Trata dos tipos de inovação no desenvolvimento de produtos (e porque não dizer, serviços) de tecnologia, e as oportunidades para que uma start-up inove. Também mostra como uma empresa, mesmo estando consolidada no mercado, pode vir a ter seu crescimento comprometido ou até mesmo vir a desaparecer, pela falta de capacidade de inovação.

Encontrei um link com um resumo dos principais pontos: http://dmix.ca/2008/07/finding-a-disruptive-business-opportunity/

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Crash em Aplicações Móveis: iOS x Android

Estive lendo algumas postagens (esta e esta) que citam uma pesquisa realizada pela empresa Crittercism, que indica que  aplicações para iOS tem apresentado mais problemas que aplicações Android. As causas podem ser várias, como apontam as postagens, indo desde a falta de atualização do sistema operacional de das aplicações, por parte dos usuários, até a dificuldade de se testar as aplicações em tantas versões disponíveis dos sistemas operacionais.



Um ponto a favor do Android neste cenário é a facilidade de atualização do sistema operacional, tanto por parte dos usuários quanto dos desenvolvedores.

Vale a pena conferir os posts citados para mais informações.